
De fato, vocês se tornaram
nossos imitadores e do Senhor, pois, apesar de muito sofrimento, receberam a
palavra com alegria que vem do Espírito Santo. Assim, tornaram-se modelo para
todos os crentes que estão na Macedônia e na Acaia.
Porque, partindo de vocês,
propagou-se a mensagem do Senhor na Macedônia e na Acaia. Não somente isso, mas
também por toda parte tornou-se conhecida a fé que vocês têm em Deus.”
Tessalônica
é cidade importante do período romano. (200.000 habitantes à época paulina). Localizada
na Grécia; localizada às margens do Mar Egeu, acabou por se tornar entreposto
portuário estratégico para negociantes da Europa e Ásia. Roma fez de
Tessalônica a capital da província da Macedônia.
No contexto
bíblico do Novo Testamento, Tessalônica aparece pela primeira vez em Atos 17,
na segunda viagem missionária de Paulo. Lucas informa que Paulo, como era de
seu costume, chegou a Tessalônica e ministrou a Palavra, por três sábados
SEGUIDOS, na sinagoga judaica da cidade. Como fruto dessa exposição do
Evangelho, é registrada a conversão de alguns judeus residentes na cidade,
“muitos gregos” e “não poucas mulheres de alta posição”.
A breve
passagem de Paulo por Tessalônica foi tumultuada. Judeus religiosos
levantaram-se contra os novos convertidos; Jason, cidadão tessalonicense que
hospedara Paulo, foi levado à prisão junto com outros que receberam o
Evangelho; interrogados, foram soltos somente mediante fiança. (At.17:6-9)
A igreja que
se forma em Tessalônica é, portanto, resultado de uma brevíssima estadia de
Paulo entre eles; os tessalonicenses têm, portanto, pouca experiência e pouca
informação acerca da fé que abraçaram; o apoio pastoral que tiveram foi mínimo.
As cartas
que Paulo escreve têm pois, o propósito de encorajar aqueles irmãos a
manterem-se firmes em meio à perseguição (1Ts.3:3-5), dar instruções a respeito
do viver cristão (1Ts.4:1-8), reafirmar o ânimo para o serviço e bom testemunho
diários (1Ts.4:11-12) e oferecer convicção acerca da volta de Jesus e
ressurreição dos santos.
Resumindo,
temos em Tessalônica uma Igreja Cristã muito jovem, inexperiente no contexto do
cristianismo daqueles dias e ainda perseguida pelo preconceito judeu. É, como
tantas outras, uma igreja que sofre, formada por pessoas que teriam todas as
razões para abandonarem a fé cristã e acomodarem-se no próspero cotidiano de
uma cidade política e economicamente rica; a igreja de Tessalônica é uma igreja
TEIMOSA, que insiste em viver na contra-mão das exigências sociais, uma igreja
que espera e crê na realidade do Reino vindouro, o que para os demais soa como
fantasiosa utopia. De um lado, a vida burguesa que se pode ter com o dinheiro e
o poder disponível no mercado local. De outro lado, a vida de piedade, simplicidade
e fé proposta pelo Evangelho. Os crentes de Tessalônica, não diferente dos
crentes de outros lugares, viviam sob pressão da sociedade materialista e
idólatra na qual estava inserida. Fácil ser crente em Tessalônica? Certamente
que não...e Paulo sabia disso e por isso escrevia, instruía, orava, enviava
missionários para apoiarem aqueles crentes...
Por isso
tudo, é de se espantar que, logo nos primeiros versículos da primeira carta,
Paulo afirma que os crentes de Tessalônica tornaram-se MODELOS para o cristianismo
de TODA a Macedônia e até da Acaia! Como assim? Não seriam os crentes de
Antioquia ou de Jerusalém mais habilitados, mais instrumentalizados para
servirem de MODELO? Cristãos de outras regiões tinham mais “tempo de serviço”,
tinham mais instrução, mais “teologia”, talvez não fossem tão perseguidos e
ainda assim poucos foram citados como MODELOS daquela primeira geração de
cristãos.
Os cristãos
de Tessalônica passaram para a História como heróis de uma geração pioneira, da
primeira geração do cristianismo europeu. Eles entenderam e praticaram, QUATRO
lições que precisamos aprender nos dias atuais para que, assim como eles,
também sejamos exemplos e MODELOS para as nossas gerações:
1) Para que o nosso cristianismo possa servir como
EXEMPLO e MODELO para as próximas gerações, precisamos aprender a praticá-lo
como estilo de vida e não apenas como base de discurso
2) Os modelos e exemplos de vitória e sucesso
seguidos pelo mundo não são compatíveis com a fé cristã porque, segundo a
Palavra, são caminhos que levam à destruição. (Pv.16:25)
3) É preciso que o mundo VEJA que em nós que o
arrependimento efetivamente funciona, produz resultados (frutos) dignos e
promove transformação social e espiritual não apenas em nós mas também nos
nossos sucessores.
4) É missão da Igreja e de cada cristão não apenas
aprender a seguir os bons exemplos da Bíblia e da História, mas esforçar-se por
ser um bom exemplo a ser seguido pelos que nos rodeiam. Eis aí o sentido pleno
da expressão “sereis minhas testemunhas” dita por Jesus em Mc.16:15
(Pr. Jairo Ishikawa)