“Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As
coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!” (2Co.5:17 N.V.I.)
“Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as
coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (2Co.5:17 T.R.A.)
INTRODUÇÃO
Jesus veio a este mundo com uma
missão claramente estabelecida. Ele tinha algo a fazer, um legado a nos deixar.
Ao final da história narrada nos Evangelhos, se tem uma coisa que fica muito
claro ao leitor é que tudo o que Ele fez e disse, cada gesto, cada ensino, tudo
obedeceu a um rigoroso planejamento, de modo que tudo se completasse na cruz.
Cada palavra dita por Jesus, seja na intimidade de uma conversa particular ou
diante das multidões atônitas, fazia parte de um plano minucioso que tinha por
objetivo oferecer salvação aos homens. Vejo pois, a missão de Cristo na Terra,
planejada e executada segundo duas dimensões distintas:
A Dimensão Sacrificial:
O Apóstolo Paulo nos ensina em
Rm.3:23 que “todos pecaram e destituídos estão da
Glória de Deus”. Paulo segue ensinando que, segundo a Lei de Deus, “o salário do pecado é a morte” (Rm.6:23). João, o
Batista, ao ver Jesus pela primeira vez, reconheceu nEle essa missão
sacrificial quando exclamou: “Eis aí o Cordeiro de
Deus” (Jo.1:36). Assim, entendemos que, em primeira instância, Jesus
veio ao mundo como Varão Perfeito, como Cordeiro imaculado e sem pecado, apto e
pronto para Se oferecer em sacrifício pelo pecado dos homens. À semelhança do
cordeiro sacrificado nos altares do judaísmo por séculos, Jesus morreu em meu
lugar, em expiação ao meu pecado. “Por isto o Pai me
ama, porque dou a minha vida...” (Jo.17:10)
A Dimensão Pedagógica:
Sendo o sacrifício de Jesus uma ação
definitiva, cujo efeito perdura por todas as gerações, era necessário deixar
também um legado instrutivo. Era preciso que homens fossem capacitados a
transmitir o ensino do Evangelho, do sacrifício substitutivo às gerações
vindouras. Daí, a necessidade da missão de Jesus assumir também uma missão
Pedagógica. Ele nos fez salvos, mas também nos fez mestres, ensinadores,
multiplicadores da informação. Através do registro escriturístico e da
capacitação do Espírito Santo, Ele nos ensina e nos envia a ensinar. “...o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse
vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito.”
(Jo.14:26)
E é exatamente por conta da dimensão
Pedagógica da missão de Jesus que Ele falou a tanta gente; foi para ensinar
seus apóstolos e para que estes nos ensinassem, que Jesus pregou e fez inúmeras
demonstrações práticas de seus ensinos. E o ensino dele foi altamente
impactante em sua geração: Mestres daqueles dias ficavam atônitos e
maravilhados pela profundidade dos ensinos e pela autoridade com que falava.
Sei que grande parte desse impacto revolucionário das palavras de Jesus se deve
ao contexto político e social daqueles dias bem como aos espetaculares milagres
que Ele executava à medida em que ensinava, mas creio também que Jesus impactou
os formadores de opinião de sua época porque mais do que repetir ensinos
antigos, repercutir idéias já desgastadas pelo tempo e pela prática, Jesus
trazia novidades. Ele falava de modo a surpreender seus interlocutores. E a
surpresa se dava porque Ele dava novos significados a valores antigos; Jesus
lia a mesma Lei de Moisés que os religiosos liam, mas o fazia por uma
perspectiva diferente. Enquanto o fariseu lia as Escrituras com os olhos de
quem julga, Jesus lia com olhos de quem ama. O fariseu lia as Escrituras e dela
retirava condenação; a mesma Lei lida por Jesus produzia perdão, misericórdia,
amor.
Essa foi, aliás, a razão pela qual
Jesus condenou a religião e os religiosos com tanta veemência. Jesus nunca
aprovou religiosos que se baseavam na Palavra de Deus para trazer peso e
condenação aos homens, a quem chamou, solidariamente, de pobres e oprimidos.
Jesus nunca aprovou a leitura meramente jurídica do texto mosaico. Mas, em sua
missão pedagógica, Jesus tratou de RESSIGNIFICAR os elementos da Lei. E
“ressignificar” é isso: Dar novo sentido, novo significado a conceitos
anteriormente descritos e entendidos. Jesus foi um revolucionário porque, em
benefício dos homens, mudou o sentido de alguns conceitos que feriram os
interesses dos poderosos de sua época.
Vejamos alguns termos e conceitos
que, a parir de Jesus, ganharam novo significado:
1) HUMILDADE
Antes de Jesus, humildade era apenas
uma tolice. Que sentido havia em o maior se prostrar diante do menor? Qual a
relevância de um patrão se preocupar com o bem estar de um empregado? Que valor
existe em colocar-se em pé de igualdade e não superioridade diante dos outros?
A sociedade sempre nos ensina o valor da superioridade. Jesus quebrou esse
paradigma dizendo: “Pois aquele que entre vocês for o menor, este será o
maior" (Lc.9:48). E Ele ensinou isso porque isso também praticou: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora
sendo Deus não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia
apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo tornando-se semelhante
aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi
obediente até a morte, e morte de cruz!” (Fp.2:5-8)
2) MISERICÓRDIA
Antes de Jesus, misericórdia era
apenas sinal de fraqueza. Que valor há em não aplicar ao condenado a pena
cabível? Quem efetivamente cometeu um crime não precisa ser punido? O culpado
não merece o castigo? Se merece, porque não aplicar tal castigo? Jesus calou e
desramou os que queriam apedrejar a mulher adúltera. A ela, Jesus deu
misericórdia. E não apenas a ela, mas a todos os que pecaram, pois a todos
perdoa, a todos abraça, independente dos pecados que tenham cometido. Jesus dá
novo significado à misericórdia, pratica-a e exige que seus filhos também a
pratiquem.
3) SUCESSO
Antes de Jesus, sucesso era algo
relacionado simplesmente à aprovação dos homens. O ensino de Jesus nos leva a
um grau superior de entendimento, pois que vantagem há em agradar aos homens se
desagradarmos a Deus? (Gl.1). Em Cristo percebemos que “Sucesso” de verdade não
é apenas ganhar dinheiro, galgar posições, obter aplausos dos homens. Ele não
agradou os homens e o “Sucesso” de sua missão, em última instância, levou-O à
cruz e à morte. Talvez seja este o seu problema, confundir sucesso com
dinheiro. Na vida de muitos o dinheiro tem sido sinônimo de fracasso e
destruição.
4) VIDA
“...eu vim para que tenham vida
e a tenham em abundância.” (Jo.10:10). Antes de Jesus, vida era apenas um fato biológico. Ele deu
novo significado à palavra Vida, agregando a ela o conceito de eternidade.
Homens e bichos, todos lutam pela vida, mas os homens gastam a vida obtida em uma
existência absolutamente sem sentido, sem propósito, sem legado.
Vi pela internet uma jovem
norte-americana que sofre de obesidade mórbida extrema. Com mais de trezentos
quilos, ela não tem uma vida normal. Não se movimenta, vive em uma cama...nesta
semana ela declarou, chorando: “Eu não vivo, eu apenas existo.”
Não gaste sua vida apenas passando
por ela, apenas existindo. Encontre vida, um novo significado para esta vida,
em Jesus.
CONCLUSÃO:
Talvez seja hoje o tempo de você dar
NOVO SIGNIFICADO à sua vida. Algumas pessoa, quando se encontram com Jesus, têm
a nítida impressão de que, até aquele dia, viveram uma vida pela metade. Muitos
se angustiam e têm a nítida sensação de que está faltando alguma coisa, de que
a vida não está completa. Até mesmo aqueles que conquistaram posições de
destaque na sociedade ainda se percebem incompletos...É a típica sensação de
quem precisa buscar novos significados para a existência.
Mesmo no âmbito daqueles que já se
encontraram com Jesus e com Ele gozam de uma vida feliz e eterna, às vezes
“bate” a angústia e a sensação de “incompletude” (existe essa palavra?) e elas
se perguntam: “O que está faltando”?
É bem possível que, tanto em um caso
como em outro, o problema esteja na definição das palavras-chaves da vida. Como
você tem definido “Vida”, “Felicidade”, “Tristeza”, “Inimigo”, “Sonho”,
“Perdão”...e todos aqueles valores que dão sentido à sua existência? Suas
definições passam pela significação que os homens dão ou você prefere usar o
“ressignificado” proposto por Jesus?