Esta é a primeira e praticamente única vez em que Jesus usa o termo “Igreja”, no Novo Testamento. Há uma citação em um outro contexto (Mc.18:17), mas ali Jesus refere-se à congregação local e não à Igreja que pretende fundar a partir de sua ressurreição.
No momento em faz tal declaração,
Jesus está em pleno ministério, andando pela Galiléia e pelo norte de Israel.
Está no chamado “Ano da Popularidade”, o segundo ano de Seu ministério, quando
seus discursos impactantes acompanhados de milagres assombrosos, fez dEle uma
verdadeira celebridade internacional. Os Evangelhos mostram a fama de Jesus
correndo à Síria e ao Líbano.
Durante este tempo, Jesus passou
a enfrentar duas “frentes” de oposição: De um lado, o poder político (domínio
dos romanos) já percebia que sua fama crescente podiam transformá-lo em
uma ameaça, já que o povo o aclamava como operador de milagres (saúde) e
fornecedor de pão abundante (alimento); de outro lado, o poder religioso,
representado pelos líderes do Judaísmo também começava a se sentir ameaçado por
um homem que fazia duras críticas ao tradicionalismo religioso dos
mestres que converteram o Judaísmo em um fortíssimo braço de dominação sobre o
povo, já cansado de tanta opressão.
De um lado, o peso da dominação
romana, com seus impostos, confiscos e leis. De ouro lado, o peso exercido
pelos líderes de uma religião corrompida, cheia de interesses e ligações com o
dinheiro e com o poder. Jesus não cobrava nada pelo pão,
nada pelas curas e ainda proclamava um discurso libertador e revolucionário.
Não demoraria muito até que o poder político se aliasse ao poder religioso que,
juntos, tramariam sua perseguição, prisão e morte.
O povo que seguia a Jesus e até
mesmo seus discípulos mais chegados demoraram para perceber a ameaça da conspiração
infernal que aos poucos ia os cercando. Jesus sabia de tudo. Desde os primeiros
questionamentos dos fariseus acerca de Seus ensinos, Jesus já percebia o início
do movimento que tramaria Sua morte. O inferno já se movimentava no sentido de
impedir que Jesus realizasse sua obra; desde a tentação no deserto, as
potestades infernais exerciam sua oposição.
Desde muito cedo, portanto, as
forças do mal já haviam determinado os alvos de sua perseguição: o alvo
primário era Jesus. Ao longo de todo o Novo Testamento, vemos o inimigo se
movimentando no sentido de desviar Jesus de seus objetivos. Todo o esforço
infernal contra Jesus foi em vão. Ele terminou Sua obra, indo até a cruz e de
lá à Páscoa da Ressurreição. Mas o inferno não parou de trabalhar; se não pôde
deter Jesus, agora o inimigo foca seus esforços em seu alvo secundário: a
Igreja deixada por Jesus.
O texto base da mensagem de hoje
mostra claramente que Jesus, desde muito cedo, já sabia que o inferno
trabalharia com afinco ao longo de toda a história para deter a Igreja. Por
isso, Ele nos fortaleceu com seu
Espírito Santo. Em Jo.14 vemos Jesus delegando ao Espírito Santo a tarefa de
fortalecer e capacitar a igreja a enfrentar a luta contra o inferno. Mas o
conteúdo do versículo que lemos no início, revela partes importantes do projeto
de Jesus no que diz respeito aos fundamentos existenciais da Igreja.
1) Definindo
IGREJA...
Fica claro desde
o início, que Jesus não se referia a uma instituição, a um conjunto de prédios
ou latifúndios; no projeto de Jesus, Igreja é o conjunto de pessoas que crêem
nEle e que se comprometem com a mensagem contida em Sua morte. O contexto de
Mt.16 revela um Jesus empenhado em preparar discípulos para a Sua morte e para
o projeto que viria após ela. Igreja, pelo menos nessa frase de Jesus, não é placa
na porta, não é CNPJ, não é catedral e nem mesmo um plano de atividades assistenciais.
A Igreja Triunfante de Jesus é o conjunto de salvos, desde a fundação do mundo,
que estarão “vestidos de branco” no Dia do Juízo. É a esta IGREJA que Ele se
referiu.
2 2) A
Igreja deve marchar contra o inferno e não o contrário.
No projeto de Jesus
Cristo, a Igreja não assume, primariamente, uma posição meramente defensiva.
Não é a Igreja que tem que “se defender” do inferno. Ao contrário, Jesus
construiu uma Igreja que ataca o inferno; os demônios é que deviam temer os
crentes e não o contrário!
O que temos visto, desde
os tempos dos apóstolos são crentes “entrincheirados”, buscando defesa contra
os constantes e crescentes avanços do inferno contra nossas casas e nossas
igrejas (com i minúsculo!) Sim, eu sei que a Palavra nos dá muitas instruções
sobre como nos defender do inferno. Paulo falou muito disso e outros apóstolos
também, mas se voltarmos ao projeto inicial, perceberemos que Jesus fala,
primeiro, de uma Igreja (com I maiúsculo) que avança constantemente e bate à
porta do inferno para de lá arrancar as almas aprisionadas.
A realidade está aí, diante
de nós e para a nossa vergonha: O inferno bate todos os dias à porta de nossos
lares, através da pornografia televisiva, midiática, internética; o inferno está
arrombando as portas dos nossos casamentos (nossos sim, de crentes, igrejas com
i minúsculo) e destruindo lares usando os aríetes da traição conjugal, da
mentira, do homossexualismo; o inferno está aí, atacando e paralisando igrejas
(com i minúsculo) através do egoísmo, da falta de amor, do jogo de interesses, da
“des-comunhão” dos santos (com igualmente minúsculo).
Jesus fundou a IGREJA TRIUNFANTE
e a maioria das pessoas tem se contentado em fazer parte de uma igreja que nem
em sombra reflete o plano original do Mestre.
3) As portas do inferno se rompem mediante a ação da Igreja
Os calabouços do inferno
estão repletos de almas aprisionadas pelo pecado, pela mentira, pelo engano e
pela morte. Zilhões de condenados! Pessoas que seguem vivendo sem nem mesmo se
darem conta da eterna prisão em que vivem. Seguem, a exemplo dos fariseus de
Jo.8, vivendo sem notar o peso dos
grilhões.
Quando Jesus fala “as
portas do inferno não prevalecerão” Ele está acionando uma Igreja verdadeiramente
missionária, um exército de conhecedores da Verdade que não se contenta em habitar
templos com ar condicionado e cadeiras estofadas, mas que MARCHA, que AVANÇA
rompendo as defesas infernais, arrombando suas portas e libertando seus
cativos.
Concluindo, precisamos tomar
posição diante de Deus. A afirmação de Jesus soa-nos como um alerta: a qual
grupo VOCÊ pertence? Você deseja fazer parte da Igreja (com I maiúsculo) ou vai
se contentar em ser ou frequentar uma igreja (com i minúsculo) ?
Pr. Jairo Ishikawa
Igreja Batista da Paz do Coxipó
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