13 de maio de 2013

Os perigos do Evangelho superficial

O texto base desta mensagem é o seguinte: 

O homem levou-me de volta à entrada do templo, e vi água saindo de debaixo da soleira do templo e indo para o leste, pois o templo estava voltado para o oriente. A água descia de debaixo do lado sul do templo, ao sul do altar.
Ele então me levou para fora, pela porta norte, e conduziu-me pelo lado de fora até a porta externa que dá para o leste, e a água fluía do lado sul.
O homem foi para o lado leste com uma linha de medir na mão, e, enquanto ia, mediu quinhentos metros e levou-me pela água, que batia no tornozelo.
Ele mediu mais quinhentos e levou-me pela água, que batia na cintura. Mediu mais quinhentos e levou-me pela água, que chegava ao joelho.
Mediu mais quinhentos, mas agora era um rio que eu não conseguia atravessar, porque a água havia aumentado e era tão profunda que só se podia atravessar a nado; era um rio que não se podia atravessar andando.
Ele me perguntou: "Filho do homem, você vê isto? " Levou-me então de volta à margem do rio.
Quando ali cheguei, vi muitas árvores em cada lado do rio.
Ele me disse: "Esta água flui na direção da região situada a leste e desce até a Arabá, onde entra no Mar. Quando deságua no Mar, a água ali será saneada.
Por onde passar o rio haverá todo tipo de animais e de peixes. Porque essa água flui para lá e saneia a água salgada; de modo que onde o rio fluir tudo viverá.
Pescadores estarão ao longo do litoral; desde En-Gedi até En-Eglaim haverá locais próprios para estender as redes. Os peixes serão de muitos tipos, como os peixes do mar Grande. 
Ezequiel 47:1-10


Ezequiel é um profeta de Deus que viveu em uma época de constantes reviravoltas na política internacional da região. O império Assírio, o Império Egípcio, o império Egípcio (Faraó Neco) e o Império Babilônico (Nabucodossor) se revezaram no domínio das terras palestinas. Ora um ora outro dominava o povo de Israel, que vivia camabaleando entre diferentes dominadores.

Sucessiva derrotas diante de nações estrangeiras foram permitidas por Deus como represália contra a rebeldia de Israel contra Deus. Os hebreus achavam que Deus, em sua imensa bondade, jamais permitiria que Jerusalém, a Cidade-Santa e seu templo sagrado fossem destruídos. Eles viviam sob aquele clima de licenciosidade de quem acha que a bondade de Deus fará com que Ele não puna a iniquidade. Grande erro!

O compromisso de Deus sempre foi com o povo de Israel e não com templos, muros ou paredes. Israel foi se aprofundando cada vez mais no pecado, afastando-se mais e mais do Deus verdadeiro, até que veio o juízo.

No mês de Julho do ano 586 A.C., Jerusalém foi sitiada e caiu diante das tropas babilônicas. Os muros foram rompidos nesse dia e a cidade foi invadida, saqueada, humilhada. Os homens que restaram foram escravizados e, ponto máximo da vergonha diante de um Deus amoroso porém justo, no dia 14 de Agosto daquele ano o templo foi incendiado.

O Reino de Davi já não existia mais. A cidade-santa foi profanada. O templo máximo da religiosidade secular dos hebreus, foi reduzido a ruínas, e o povo escravizado, humilhado.

Mas o ministério profético de Ezequiel dividiu-se claramente em dois momentos bastante distintos. Ezequiel profetizou juízo e destruição, mas também profetizou cura, restauração e consolo.

As três visões de Ezequiel, narradas a partir do capítulo QUARENTA de seu longo tratado profético, falam de restauração de toda essa destruição. Deus aponta para a luz no fim de um longo túnel de sofrimento e dor.

1) DESCREVENDO A VISÃO DAS ÁGUAS PURIFICADORAS

Ezequiel viu um homem que ele descreve como “parecido com o bronze”. É possível que fosse aspecto de um soldado usando uma armadura. Este homem leva Ezequiel a um passeio pelo futuro de Israel. Em sua visão, Ezequiel é levado a sobrevoar uma Jerusalém curada, uma terra restaurada e, mais que isso, uma terra de onde fluía um rio de águas restauradoras que curaria toda a terra em redor. Águas que se avolumavam, oferecendo cura abundante a todos os povos.

Importante frisar aqui o significado da ÁGUA para aquele povo habitante de desertos. Para nós brasileiros, acostumados à fartura de águas doces e excelentes, fica um tanto difícil compreender o significado e o impacto que uma visão de águas limpas e doces provoca em um hebreu. A água doce, tão escassa naquelas terras e naquelas culturas, é símbolo máximo da vida. Naquele contexto cultural, água é ALEGRIA, é RIQUEZA, é PROSPERIDADE, é SAÚDE, é FELICIDADE, é VIDA! Experimente ficar um dia inteiro sem beber um gole de água. Depois disso, com a boca bem seca e a garganta clamando por um gole de um líquido fresco, leia esse texto. Você talvez entenda um pouco mais o impacto que aquela visão causou em Ezequiel. Mais que isso, talvez você entenda o que DEUS queria que Ezequiel entendesse e transmitisse ao povo sofrido, humilhado, sedento de restauração.

Na visão, saía água pelas portas do templo reconstruído. Saía muita água. Água limpa, cristalina, que inundava os arredores e seguia na direção do Mar Morto.

No início, as águas davam nos tornozelos de Ezequiel. Nenhuma novidade. Ezequiel conhecia muito bem os córregos da região, com águas suficientes apenas para molhar canelas. Água pouca, escassa, insuficiente.

Mas as águas subiram. Começaram a dar pela cintura e isso já era algo diferente, não corriqueiro. São poucos os mananciais em Israel que possibilitam um banho com água pela cintura.

Mas Deus tinha mais! Tinha algo novo e surpreendente. Águas tão profundas, que somente poderiam ser vencidas a nado!

E assim, Ezequiel foi levado a águas cada vez mais profundas. Deus não estava satisfeito com a superficialidade do relacionamento que o povo mantinha com Ele.

Deus estava interessado em subir o nível de relacionamento com aquele povo birrento e duro a quem Ele amava tanto. Mas o povo nunca desejou um relacionamento profundo com Deus, pelo menos nunca desejou até que SOFRESSE. Até que percebesse que o aprofundamento da relação com Deus era não apenas necessária e desejável: Era CRUCIAL para a sobrevivência da Nação. Sem se aprofundar cada vez mais em águas purificadoras e restauradoras, Israel jamais sairia do buraco em que se meteu.

Deus nos convida, mais do que isso, Deus nos EXORTA a aprofundarmos nossa relação com  Ele. Chega de evangelho “água na cenela”! Já foi o tempo em que uma oraçãozinha por semana, uma visita esporádica a uma igreja, uma oferta em dinheiro era aparentemente suficiente para manter-nos “em dia” com nossa religiosidade vazia!

(Jo.4:23 – Verdadeiros Adoradores: aqueles que adoram em profundidade, não adoração “água-na-canela”! Adoração verdadeira, compromissada, absoluta!)

É tempo de Evangelho restaurador. Mais do que nunca, o mundo precisa de águas transformadoras, águas que curam. O mundo está doente e a cura, como um rio caudaloso, flui do Trono de Deus e não dos pequenos tronos que satanás implantou nessa terra destruída!

É tempo de Evangelho abundante. Jesus disse que veio para trazer vida, mas não qualquer vida. Vida uma ameba também vive. Uma bactéria, uma planta, um inseto também têm vida. Não é dessa vida rasteira, animal, vida medíocre que Jesus está falando. Ele veio para trazer “vida com abundância”, como águas profundas, onde você vai NADAR na bênção e não apenas andar com vida pelas canelas...vida medíocre, vidinha sem desafios, sem surpresas, sem vitórias, sem empolgação! Em João 10:10 Jesus fala de vida que transborda para a eternidade, vida que não se pode viver com os pés no chão senão você se afoga! A vida que Jesus oferece é uma vida que faz você flutuar, vida que tira teus pés desse chão que ora está empoeirado pela falta de água, ora está barrento porque a água é pouca!

Mas o cristianismo dos dias atuais não é assim. Como os hebreus distantes de Deus nos dias de Ezequiel, nós aprendemos um cristianismo descompromissado, um cristianismo sem profundidade, um cristianismo água-pelas-canelas.

Cristianismo que não incomoda o inferno, que não incomoda o mundo, mas que se conforma com ele, que assume as formas do mundo.

A igreja de hoje está em perigo. E pior perigo que a igreja enfrenta não é a próxima novela da Globo, que vai defender o casamento homossexual. O maior perigo do cristianismo de hoje não é a violência que está aí, mas que na verdade sempre esteve. Também não é a droga que ameaça nossos jovens e nem o alcoolismo ou a prostituição que destrói famílias.

O maior perigo que vivemos hoje é o de vivermos um evangelho água-na-canela. Aquele tipo de evangelho suficiente apenas para acalmar nossa religiosidade, para nos dar uma falsa sensação de “dever cumprido”. Esse evangelho “água-na-canela” está levando multidões de cristãos, até mesmo líderes e religiosos, para longe de Deus. E´, se não houver um processo de CONVERSÃO, esse distanciamento será crescente, até que a distância entre Deus e o homem seja tão grande que já não possa mais acontecer reaproximação.

Quais são os perigos que corremos quando vivemos um evangelho superficial?

1) O evangelho superficial, sem profundidade na relação com Deus e com sua Palavra não será suficiente para curar todas as feridas causadas por uma vida inteira de escassez espiritual.

2) A superficialidade de nossas relações com Deus produzem uma falsa sensação de proximidade com a Eternidade. Você pensa que é amigo de Deus, mas pode ser que esteja muito longe dele, tão longe que Ele nem mesmo te conhece mais! (Lc.13:27)

3) O evangelho superficial, ao invés de produzir cristãos compromissados com o amor e a misericórdia de Deus, tende a produzir pessoas meramente religiosas, legalistas, carrancudas, convencidas de uma santidade equivocada, pessoas preconceituosas e sem misericórdia com as necessidades do próximo

Devocional 
Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente. 
Hebreus 11:3

8 de maio de 2013

Quem tem medo do sucesso?


 Jonas entrou na cidade e a percorreu durante um dia, proclamando: "Daqui a quarenta dias Nínive será destruída". (Jonas, 3:4)

A cidade de Nínive era conhecida pela crueldade contra seus inimigos e estava dominada pela idolatria. A justiça de Deus estava a caminho, e viria sob a forma de intesa destruição, mas a misericórdia do Pai se manifestou através da oportunidade de arrependimento. Mas lendo o relato daqueles acontecimentos, encontramos um pregador verdadeiramente estranho. Jonas não queria pregar aquela mensagem, mas produziu um resultado tremendo. Jonas fez todo o possível para que sua missão fracassasse. Um espírito indignado, um preparo insatisfatório, um sermão medíocre. Resultado: um sucesso tremendo! A maioria dos pregadores trabalha duramente para obter bons resultados; Jonas trabalhou para não ter bons resultados, mas ele teve sucesso, apesar da sua atitude. Jonas foi o único pregador da história que ficou frustrado com o seu sucesso.

Alguns tratam do livro de Jonas como se o peixe fosse seu personagem central. Não é. Nem mesmo Jonas, o profeta que desejava a destruição
de seus ouvintes.  Deus é. Deus é o Senhor não apenas de Israel, mas da natureza, da História e de todas as nações. Sua vontade se cumpre, sempre, no final. Os homens não podem criar-lhe obstáculos nem frustrá-lo. Sua graça é para todo o mundo. O peixe só é citado duas vezes no livro enquanto Deus é quem ordena a Jonas a ir a Nínive. Deus é quem manda uma tempestade atrás de Jonas. Deus é quem manda o peixe engolir Jonas e depois vomitá-lo. Deus é quem novamente comissiona Jonas a pregar em Nínive. Deus é quem perdoa os habitantes de Nínive e exorta o profeta emburrado. Dentre muitos outros possíveis, TRÊS ensinos me saltam aos olhos neste livro.

1)  A SALVAÇÃO É UMA DÁDIVA OFERECIDA A TODOS OS POVOS E NÃO APENAS AOS JUDEUS.
• Jonas tentou fugir da presença de Deus não com medo da sua ira, mas com medo da sua misericórdia. Ele foi o único pregador que ficou profundamente frustrado com o seu sucesso.
• Jonas fazia do seu nacionalismo extremado uma bandeira maior do que a obra missionária. Tinha prazer de pregar condenação aos pagãos, mas não se alegrava com sua salvação.
• Deus mostra a Jonas que ele tem o direito de usar misericórdia com quem quer, sem precisar dar satisfação a quem quer que seja. Ele é Senhor do mundo, de todos os povos e raças”.

2) A SALVAÇÃO É UMA DÁDIVA DE DEUS RECEBIDA PELA FÉ E NÃO OBTIDA ATRAVÉS DE OBRAS.
Os ninivitas eram pessoas pagãs e viviam sem luz e sem santidade. Eles eram perversos, truculentos, sanguinários e idólatras. Pelas obras, eles jamais seriam salvos.
• Deus os amou e enviou-lhes um mensageiro e eles se arrependeram e creram na mensagem e foram salvos.
• Ainda hoje, o método de Deus de salvar o homem é o mesmo. A salvação não é uma conquista do homem, mas um presente de Deus. A salvação não é resultado do que o homem faz para Deus, mas do que Deus fez pelo homem. A salvação não é o caminho que o homem abre da terra para o céu, mas o caminho que Deus abriu do céu para a terra.

3) DEUS É SANTO E NÃO PODE TOLERAR O MAL.
• Deus não tolerou a maldade dos ninivitas e enviou Jonas para adverti-los   e  não  aceitou a rebeldia de Jonas e enviou a tempestade para pegá-lo em sua rota de fuga.
• Deus ouviu a oração de Jonas e libertou-o do ventre do peixe; Deus ouviu o clamor dos ninivitas e salvou-lhes a alma. Deus vê os pecados e vê o arrependimento.
• O pecado sempre provoca a ira de Deus, proceda ele dos ímpios ou da igreja. Ele não faz acepção de pessoas em sua misericórdia nem em sua disciplina. Deus não tem dois pesos e duas medidas.

CONCLUSÃO:

Cuidado! Você está preparado para os efeitos colaterais do sucesso?

1) O sucesso pode te dar a falsa sensação de invencibilidade.

2) Ao eliminar a probabilidade do fracasso, você corre o risco de se julgar superior, mais forte, mais santo do que o próximo.

3) Para quem está acostumado com a vitória, uma derrota qualquer, por mais insignificante que seja, pode ser encarada como o verdadeiro fim do mundo.