17 de julho de 2011

Sl.137:1-9 - Não desista de cantar

INTRODUÇÃO

A Bíblia diz em Ec.3 que há tempo pra tudo nessa vida. O Pregador ensina que no poema que, ao longo dessa existência, experimentaremos de tudo um pouco: alegrias, vitórias, conquistas,  mas também tristezas, enfermidades, decepções e derrotas. Não há, portanto, nem um homem ou mulher adultos que possam se gabar e dizer que viveram uma vida somente de alegrias e nem se lamentar por uma vida pautada somente pela tristeza.
Se consultarmos a biografia dos personagens bíblicos veremos esse ponto comum em todas elas: vidas marcadas por altos e baixos; ora no pico do monte, ora no fundo de um vale escuro. Eis aí a singularidade da vida humana. Eis aí um dos muitos pontos onde todos os serem humanos se igualam: todos nós enfrentamos, ora ou outra, o tempo de chorar.
Esse tempo vem atodos, indistintamente, pelas mais diversas razões: enfermidade, dor, morte, falências dos mais diversos tipos, decepções, derrotas... é possível, inclusive, que você esteja vendo, exatamente agora, o tempo de chorar , previsto pelo pregador de Eclesiastes. É também possível que você já tenha passadio por tempos assim e hoje goze de um período de bonança em tua vida. Ainda que o teu tempo hoje seja de alegria e bonança, eu te convido a meditar um pouco neste tema, pois não sabemos a que tempo o tempo de chorar pode bater à nossa porta.
LEIAMOS O SALMO 137.
Este salmo, de escritor anônimo, narra um período de tristeza na história de Israel. Após séculos de desobediência à Palavra de Deus e depois de muitas demonstrações de descompromisso com o Deus que os havia tirado do Egito, o povo de Israel enfrentou um longo período (70 Anos) de cativeiro na Babilônia (Ficava na região do atual Iraque). O tempo de chorar chegou para aquela nação, acostumada a tantas bênçãos, habituada a viver sob o cuidado sobrenatural de Deus. Ele os entregou nas mãos dos inimigos e lá ficaram, como escravos, durante sete décadas! Praticamente uma geração inteira!!
O escritor do Salmo parece ser alguém que retornou do cativeiro, possivelmente já em avançada idade, e narra, com intensa melancolia, o sentimento de tristeza e de lágrimas em que os israelitas viveram naquele período. Longe de sua terra, longe de suas raízes, longe de seus familiares, tolhidos em suas liberdades mais básicas, não lhes sobrava nada além de chorar. Era tempo de chorar.
Veja o verso 1: Junto aos rios da Babilônia nós nos sentamos e choramos com saudade de Sião.” Saudade dói! Eu sei bem o que é essa dor. Quem já perdeu um ente querido também sabe. Dor irremediável! O único jeito é chorar! Mas o título dessa mensagem é inspirado no verso 4:  Como poderíamos cantar as canções do Senhor numa terra estrangeira?” O tempo de chorar, invariavelmente, tem a capacidade de nos suprimir a capacidade de cantar.
O canto sempre representa a expressão da alegria da alma; é uma manifestação externa de uma felicidade que nem sempre se pode expressar por palavras. Por isso a música desempenha papel tão importante em nossas vidas...os idiomas que falamos são sempre pobres para traduzir os sentimentos mais intensos e mais íntimos que experimentamos em nossa alma.
Mas porquê, exatamente, o povo desistiu de cantar?
Por causa das lembranças do passado onde vitórias importantes aconteceram; o sabor da felicidade parece ser sentido com mais intensidade quando ela vai embora. “Eu era feliz e não sabia”...” Oh! Que saudades que eu tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais. (Cassimiro de Abreu). É importante notarmos e marcarmos as vitórias de hoje porque não sabemos se amanhã estaremos nos apegando a elas como lembrança de um passado distante...é por isso que Deus sempre levou o povo a estabelecer MEMORIAIS:
Por causa do intenso ódio nutrido contra seus inimigos. A disposição em jamais perdoar, o ímpeto em agir vingativamente, em “exigir” de Deus uma ação contra seus inimigos acabou por retirar do coração do povo aquela alegria singela e pura que só a criança possui. Talvez esteja aí uma das explicações para o ensino de Jesus quando disse que para entrarmos no Reino, precisamos ser como crianças. O ódio e a falta de perdão minam a nossa alegria e, paulatinamente, retiram de nós a capacidade de cantar. Você percebeu no Salmo que, à primeira vez depois de 70 anos em que puderam sonhar com um futuro melhor, os israelitas pediram a Deus um holocausto? Veja quanto ódio há no verso 9: “Feliz aquele que pegar os seus filhos e os despedaçar contra a rocha!” Cuidado, meu irmão, com o sentimento de ódio e com o desejo de vingança. São sentimentos que não contribuem para que o tempo de chorar termine em sua vida, mas que podem até mesmo prolonga-los indefinidamente!
Eles tinham com Deus uma relação religiosa, institucional e não pessoal.A relação daquele povo com Deus era algo parecido com uma relação política, um jogo de poder. Eu agrado a Deus porque Ele tem poder para me dar privilégios; eu procuro andar de acordo coma Lei de Deus porque, do contrário, serei penalizado, castigado. Essa nunca foi a postura que Deus esperou de seus filhos. Feliz mesmo, foi Davi quando concluiu: “Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás.” (Sl.51:17). Essa é a dimensão exata do apelo de Cristo aos seus discípulos: “Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos...” (Jo.15:15) Não faça de sua relação com Deus um jogo de poder, uma relação de troca. Entenda de uma vez por todas que Deus não quer de você um compromisso religioso, de vir à igreja uma vez por semana ou de colocar algum dinheiro no gazofiláceo ao final do mês...Deus quer andar com você, quer se relacionar intimamente com você, ser seu amigo! Se você se dispuser a ndar com Deus, você jamais perderá sua capacidade de cantar...mesmo nas horas mais difíceis você não largará sua harpa, não desistirá de cantar.
Eles deixaram de perceber que, mesmo na hora da luta, Deus está presente providenciando vida e bênção. Eles estavam às margens dos rios. Não estavam jogados no meio do deserto; havia algum recurso, não estavam abandonados à própria sorte...a situação era difícil, mas havia esperança. Eles tinham água e sombra.